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FILICÍDIO (I): Quando afinal os pais não cuidam dos filhos

10/9/2014

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O filicídio é o homicídio de uma ou mais crianças por parte de um ou ambos os pais. Não é tão raro como gostaríamos de pensar e os meios de comunicação têm ajudado a demonstrar a elevada frequência deste crime chocante. As notícias invadem-nos a sala, a qualquer hora do dia, sem aviso e sem tempo para impedir que as crianças, que devem acreditar que os pais lutam pela sua vida, ouçam o que aconteceu.


Na maioria das espécies, incluindo na humana, existe uma predisposição para o cuidado e proteção da cria, pelo que se gera de imediato um sentimento de incredibilidade, choque e revolta naqueles que assistem ao relato destes acontecimentos. O que falha, então, quando uma mãe ou um pai mata o próprio filho?

O psiquiatra Phillip Resnick identificou cinco circunstâncias em que ocorre o filicídio:

  • Altruísta: é a circunstância mais frequente em que a mãe, gravemente deprimida, planeia suicidar-se e acredita que os seus filhos ficarão mais protegidos “com” ela.
  • Psicótico: situação em que o pai ou a mãe, em estado delirante e paranoide, acredita que algo persegue os filhos e mata para proteger. Outra situação, enquadrada nesta circunstância, é o delírio paranoide de que a criança agride e ataca o progenitor, pelo que este matará em auto-defesa.
  • Espancamento Fatal: casos em que a punição física é de extrema violência e descontrolo, conduzindo à morte do filho.
  • Filho indesejado: situações em que, por vários motivos, o filho é indesejado ou sentido como um obstáculo.
  • Vingança conjugal: casos em que um dos pais mata o filho para magoar o parceiro, habitualmente depois de uma situação de infidelidade. Acontece também no âmbito da disputa das responsabilidades parentais, em que um dos pais, não aceitando a guarda atribuída ao outro progenitor, tira a vida ao filho para que o outro não ganhe a batalha.

Obviamente, qualquer uma das circunstâncias envolve um elevado grau de psicopatologia. A investigação sugere que são principalmente as mulheres a cometer filicídio, sendo as situações de homicídio por raiva ou vingança mais frequentes nos homens. 


Quando surge este tema e abordo estas questões do ponto de vista da compreensão psicopatológica, a reação habitual é a ideia de que procuramos desculpabilizar o crime, obviamente porque o filicídio, mais do que qualquer outro crime, comporta uma inevitável carga emocional pela dificuldade em compreender o inexplicável. Mesmo nós, profissionais da saúde mental que conhecemos os processos que estão por trás de tamanha atrocidade, ficamos perturbados e temos dificuldade em desculpar um pai ou uma mãe que mata os seus filhos.

O nosso papel será, talvez, alertar para o que pode ser feito pelos vizinhos, amigos e familiares e o que devia ser feito pelos serviços de saúde para procurar evitar que episódios destes se repitam.

Sabia que, na maior parte dos casos, o filicida dá alguns sinais antes de cometer o crime?


Publicado originalmente no Psisalpicos

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FILICÍDIO (II): FATORES DE RISCO

10/9/2014

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Como pode uma mãe ou um pai matar o próprio filho? É a que estão que nos surge sempre que é noticiado este crime. Como já foi referido no post anterior sobre o tema, existe sempre um elevado grau de psicopatologia associado e, como tal, encontram-se alguns fatores de risco.

O 1º ano de vida da criança parece ser o mais vulnerável à ocorrência do filicídio. Por um lado, a gravidez e o parto provocam alterações hormonais significativas, que estão na base de perturbações do humor nas primeiras semanas. Em algumas mulheres, esta perturbação prolonga-se, instalando-se um quadro de depressão pós-parto, com ideação suicida e pensamentos recorrentes de morte, tristeza intensa, ansiedade e desespero, que colocam mãe e filho em risco. A progesterona parece desempenhar um papel central nestas alterações. Para além das questões biológicas, o cansaço, o receio de falhar e todas as dificuldades habituais inerentes ao nascimento de um filho, podem tornar-se avassaladores, sobretudo em mulheres com fragilidades emocionais ou perturbação da personalidade já anteriores ao parto, aumentando o risco. Neste primeiro ano, não é só na mãe que aumenta a vulnerabilidade destes fatores. Também o pai, que muitas vezes se sente excluído ou preterido, pode encarar o bebé como um obstáculo ou um rival, aumentando também o risco se houver perturbação da saúde mental.

O filicídio parece ser mais frequente na mulher. Na maior parte dos casos, existe história de depressão grave, sendo os anti-depressivos outro fator de risco associado. Os anti-depressivos atuam numa primeira fase ao nível da ação e do comportamento, e só depois têm efeito ao nível do humor. Este aspeto parece aumentar, em larga escala, a possibilidade de passagem ao ato quando existe ideação suicida ou homicida, o que exige avaliação e vigilância rigorosas. Outro quadro frequente, na maior parte das vezes só diagnosticado mais tarde, é a perturbação de personalidade border-line, em que existe uma marcada dificuldade no controlo dos impulsos, bem como uma forte instabilidade nas relações, caracterizada pela passagem brusca da admiração à raiva (não só nas relações familiares, amorosas, sociais e profissionais, mas também com os filhos)

Este crime acontece com mais frequência em famílias com maiores dificuldades sócio-económicas, maior destruturação familiar e menor acesso a tratamentos. A violência doméstica está também frequentemente associada a estes casos. O suporte social e familiar, bem como um adequado seguimento médico e psicológico são, portanto, fatores protetores.

A personalidade e a capacidade de resiliência são desenvolvidas ao longo da vida, com base nas relações e vivências que a pessoa vai experienciando desde que nasce. Quanto mais frágeis forem os recursos emocionais, maior a probabilidade de consequências mais graves na relação consigo próprio e com os outros.

Apesar do juízo social, o filicídio tem na sua base um sofrimento insuportável, em que existe uma incapacidade do progenitor se distanciar da sua angústia para se focar na criança. A psicóloga forense Paula Bruce refere que para estas mães (ou pais) “livrar-se dos filhos é apenas livrar-se da sua própria dor, sem pensar na criança como alguém separado de si.”   

Publicado originalmente em Psisalpicos

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FILICÍDIO (III): É POSSÍVEL EVITAR?

10/9/2014

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Apesar do filicídio estar fortemente relacionado com uma perda momentânea de contacto com a realidade, o que dificulta uma intervenção atempada, existem alguns sinais de alerta que podem ajudar a prevenir esta tragédia.

Sinais de depressão grave e prolongada não devem ser desvalorizados, pelo que, sobretudo quando existem crianças, quem rodeia os pais deve ter um papel ativo no incentivo à procura de ajuda psicológica e psiquiátrica, bem como de alertar a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em Risco. Este alerta pode ser feito de forma anónima.

É frequente estas mães terem desabafos do tipo “só queria que ele desaparecesse” ou “só me apetece atirá-lo pela janela”, quando se referem aos filhos em situação de grande exaustão e incapacidade emocional nos primeiros meses de vida da criança. Estes sinais são muitas vezes desvalorizados. Será importante que familiares e amigos se mantenham por perto, evitando o isolamento e incentivando a ajuda psicológica. Se bem que alguns pais possam manifestar esta questão apenas “da boca para fora”, é relativamente fácil perceber quando há um risco real. Este risco é particularmente evidente quando o grau de desadequação e emotividade negativa é de tal forma perturbador, que leva ao afastamento e crítica destes familiares e amigos. É importante que aconteça exatamente o oposto. Por outro lado, a crítica e o afastamento tendem a levar a um sentimento de ostracização que faz com que o pai ou a mãe deixem de manifestar a sua angústia, vivendo-a em silêncio e com menor apoio, o que dificulta a perceção do agravamento da situação.

Os profissionais de saúde têm também um papel importante na prevenção destas situações. Apesar de cada vez mais sensíveis aos fatores psicológicos, os médicos continuam muito centrados no desenvolvimento físico da criança, averiguando pouco e prestando pouca atenção às manifestações emocionais da família. Explorar a dinâmica emocional e familiar dos pais durante uma consulta de rotina é essencial para detetar sinais de risco e para mobilizar as intervenções necessárias.

Publicado originalmente no Psisalpicos

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