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UMA SOCIEDADE ANTI-SOCIAL?

10/9/2014

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20h30m, noite fria e chuvosa a marcar o final de mais um dia de trabalho. Estão já três pessoas na paragem do autocarro. Um jovem de telemóvel na mão, uma mulher com grandes auscultadores abanando a cabeça e outra mulher segurando uma pasta. A chuva intensifica-se. A mulher dos auscultadores abriga-se na entrada de um prédio, o jovem resguarda-se na entrada de uma garagem. Pouco depois, a segunda mulher junta-se à primeira naquele pequeno espaço. Esboço um sorriso, imaginando que dentro de poucos segundos terá início a habitual conversa de circunstância entre as duas mulheres. “Que tempo este, nunca mais pára de chover”. Passados alguns minutos, a mulher dos auscultadores continua a olhar no infinito, abanando a cabeça ao ritmo da música, a outra mulher continua de olhos no chão. À esquerda, o jovem de lapelas levantadas e gola a proteger o rosto do frio, continua a olhar para o ecran do telemóvel e a percorrê-lo com o indicador da mão que não tem luva. Passados mais alguns minutos, chega o autocarro e dirigimo-nos para o mesmo, respeitando a vez de entrada. Cada um segue para o seu lugar, o jovem continuando a ver o telemóvel, parecendo não dar conta de mais nada à sua volta, a mulher continuando a ouvir a sua música, parecendo alheada do resto, a segunda mulher mantendo olhar vazio.

Olho pela janela, observando as pessoas na rua a correrem para fugir da chuva. Num outro qualquer canto há mais pessoas que não fazem conversa de circunstância. Pergunto-me o que aconteceu à típica troca de palavras banais em momentos como este, à simpatia instantânea e à trivialidade da partilha de um espaço e de um tempo. “Confortamo-nos com histórias laterais, evitamos o toque, há risco de contágio” diz Margarida Vale de Gato num dos seus poemas. Estamos cada vez mais distantes, receamos a proximidade e olhamos desconfiados se alguém nos sorri ou dirige alguma palavra. Escondemo-nos por trás de redes supostamente sociais e de tecnologias que, apesar de nos aproximarem dos outros, parecem distanciar-nos cada vez mais do verdadeiro contacto.

Também a propósito da chuva, multiplicam-se as notícias sobre como é viver sem eletricidade nas localidades mais atingidas pelo mau tempo. Repetem-se os testemunhos em que os adultos referem que às 21h se vão deitar porque não têm nada para fazer e as crianças se mostram bastante aborrecidas por não poderem brincar. Apesar dos óbvios constrangimentos associados à falta de luz, quando estamos tão habituados a este recurso, imagino o que faria nessa situação e ocorrem-me uma série de atividades que ajudariam a animar a família, a quebrar a rotina e, quem sabe, a criar novos hábitos de partilha. Tanto que se pode fazer à luz das velas! Falar das aventuras do dia, fazer sombras com as mãos, jogar pictionary, trivial ou peixinho, fazer mímica, contar anedotas e adivinhas, contar histórias… afinal não são precisos livros para contar histórias, basta imaginação!

Preocupa-me esta falta de comunicação, de fantasia, de empatia e de simpatia que nos consome cada vez mais. Preocupa-me este distanciamento cada vez maior que nos separa. Preocupa-me que as crianças não sejam capazes de se entreter sozinhas e sem botões. Preocupa-me que os adultos não sejam capazes de se aproximar e comunicar sem ser por likes, shares, forwards e LOLs… Preocupa-me o futuro desta sociedade de hoje que não sabe relacionar-se.

Publicado originalmente no Psisalpicos

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