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A IMPORTÂNCIA DO "NÃO"

10/9/2014

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Dizer “Não” aos filhos é uma das dificuldades mais frequentes que os pais apresentam nos dias de hoje. Curiosamente é uma das primeiras palavras, se não mesmo a primeira, que as crianças aprendem. Não é por acaso que por volta dos 15 meses, a criança diz “Não” enquanto explora e olha para os pais pelo canto do olho, antecipando o que vai ouvir. Também não é por acaso que ergue o dedo indicador e refila em resposta à repreensão dos pais. Desde cedo, a criança procura autonomizar-se, recorrendo a um certo negativismo que serve o seu desejo de independência, mas também a procura de proteção.

Quando testa os limites, a criança está a pedir ajuda para aprender o que pode ou não fazer. Como refere o pediatra americano Brazelton, “a disciplina é um projeto de ensino a longo prazo”. O mais importante para a criança é o amor e a aprovação dos pais, pelo que tentará sempre responder e corresponder às suas expetativas. Expetativas consistentes, razoáveis e previsíveis ajudam a criança a ganhar controlo sobre o seu comportamento.

Apesar do aumento significativo do diagnóstico de hiperatividade e da tentativa de o tornar mais rigoroso, muitas destas crianças são, na verdade, “hiper-mal-educadas”. O que não significa que não sejam crianças em sofrimento. Crianças omnipotentes, que querem (ou precisam) controlar tudo e todos, mas que procuram que alguém as controle, ou seja, que as contenha.

Com o ritmo acelerado que a maior parte das famílias vivencia atualmente, a exaustão é inimiga da tolerância. A criança passa todo o dia ansiosa por voltar a ver os seus pais e quando isso acontece, tende a extravasar as emoções. Os pais estão cansados, as crianças estão cansadas, o que por vezes dificulta a gestão do comportamento e das emoções. Por outro lado, os pais sentem-se culpabilizados pela sua ausência, não querendo estragar o pouco tempo que têm com negociações ou repreensões. Talvez em relação com as suas próprias vivências, alguns pais acham que se contrariarem a criança esta vai gostar menos deles, até porque muitas vezes lhes diz “és mau/má, não gosto de ti”. E é nesta altura que os pais devem dizer “mas eu gosto muito de ti, mesmo quando me zango contigo ou tu ficas zangado/a comigo”.

Quando a criança não ouve um “não”, isso vai gratificá-la em algumas situações, mas principalmente vai deixá-la num grande estado de insegurança. Digo muitas vezes aos pais que é como se a criança sentisse que se quiser atirar-se da janela, os pais vão deixar porque, afinal, nunca lhe dizem que não. E esta falta de limites, de contenção, de proteção, deixa a criança com um tremendo sentimento de desamparo. Daí a sua necessidade de controlar o meio, com birras, passagens ao ato, etc. A criança procura ser travada. Para a pedopsiquiatra e psicanalista Maria José Gonçalves, a satisfação imediata, seja em que área da vida da criança for, dificulta-lhes o lidar com a realidade e com os seus constrangimentos". Por este motivo é tão importante a consistência das regras; se se cede uma vez, a criança vai aprender que se insistir muito, vai conseguir o que quer. E este comportamento vai estender-se à relação com os professores e com os amigos, de quem vai sentir rejeição e incompreensão, por se ver confrontada com a frustração a que não está habituada, o que pode alimentar os comportamentos de oposição e até de agressividade. É, por isso, essencial perceber que a realidade tem limites, que existe o certo e o errado, e também desta forma a criança aprenderá a fazer escolhas e a dizer “não” ao que lhe pode fazer mal.

A maior parte das crianças não precisa de muitas regras, nem que estas sejam muito rígidas. Precisam sim de regras consistentes, razoáveis e previsíveis. Aliás, para o psicanalista António Coimbra de Matos, mais do que disciplina, “as crianças precisam de ter um ambiente disciplinado e organizado”

Publicado originalmente no Psisalpicos

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HIPERATIVIDADE OU HIPER-DIAGNÓSTICO?

10/9/2014

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A Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção é o distúrbio neuro-comportamental mais comum na infância, que pode afetar profundamente o desempenho académico, o bem-estar e as interações sociais das crianças. Caracteriza-se por instabilidade da atenção, agitação excessiva e impulsividade.

Muitos dos sintomas não são exclusivos da PHDA, podendo ser encontrados em outras patologias, pelo que é importante uma avaliação especializada.

Apesar de se usar o termo “hiperatividade” num sentido lato para explicar a agitação das crianças, são muito poucos os casos em que estamos perante um quadro de PHDA propriamente dito. Por exemplo, os casos mais frequentes são, talvez, os “hiper-mal-educados”! A falta de regras leva a uma agitação frequente, associada à ausência de limites, e a uma baixa tolerância à frustração que leva a conflitos constantes. Mesmo perante estes casos, estamos perante sofrimento emocional uma vez que a criança sente que ninguém a controla (daí a sua necessidade de controlar). Estas crianças testam constantemente os limites, à espera de encontrar um adulto capaz de perceber a sua insegurança e que lhes dê uma autoridade firme e afetuosa.

A agitação também é cada vez mais identificada nas perturbações depressivas e bipolares, sobretudo nos rapazes. Trata-se de “não parar, para não pensar”. Nos problemas de ansiedade, a agitação psicomotora também é frequente e traduz a inquietação interna. Na deficiência mental e nas Perturbações Globais do Desenvolvimento, a irrequietude está associada à não compreensão das normas e do contexto, entre outros aspetos que podem ser partilhados com a base da hiperatividade e do défice de atenção. Na psicose, existe um estado de alerta permanente devido ao sentimento persecutório que leva a uma agitação como defesa contra a ameaça percecionada. Há ainda as alterações transitórias, como a mudança de escola, o nascimento de um irmão, um conflito familiar, algo que acontece na vida da criança que requer compreensão e adaptação da sua parte.

Em qualquer dos casos, existe sofrimento emocional. A grande distinção entre estes quadros é talvez a causa e a consequência. No caso da PHDA, temos a agitação (de origem neurobiológica) que provoca sofrimento devido à crítica e à punição constantes, bem como pelo sentimento de não corresponder às expetativas. Nos restantes casos, há um sofrimento que causa a agitação.

Esta tem sido a minha visão da hiperatividade Vs agitação, motivo pelo qual considero que tem havido um sobrediagnóstico e, consequentemente, uma sobremedicação das crianças. Preocupa-me que a nova revisão do manual das perturbações mentais (DSM-V), publicada há menos de um mês, não tenha, ao contrário do esperado, afunilado os critérios de diagnóstico. Aliás, aumentou até a sua abrangência, por exemplo ao considerar o início dos sintomas até aos 12 anos, quando anteriormente se considerava que as manifestações deviam estar presentes antes dos 7 anos e, qualitativamente, com sinais evidentes anteriores aos 3 anos.

Só esta pequena alteração nos critérios irá, na minha opinião, aumentar o risco de confusão e de diagnósticos apressados, colocando no mesmo “saco” da Hiperatividade outros quadros, com causas diferentes e, como tal, que requerem intervenções diferentes.

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CONTROLAR A IMPULSIVIDADE

10/9/2014

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São cada vez mais frequentes as preocupações relativamente à impulsividade e aos problemas de comportamento na infância. Este é um tema muito abrangente e muito mais haverá a explorar, mas pareceu-me interessante partilhar esta publicação.

http://www.scholastic.com/parents/resources/article/why-impulse-control-is-harder-than-ever/

As crianças passam ao ato de várias formas, desde as birras até à agressão, sendo estas explosões frequentemente encaradas como algo inevitável na infância. Porém, de acordo com os neurocientistasSandra Aamodt and Sam Wang, co-autores de Welcome To Your Child’s Brain, o auto-controlo na infância é tão importante para a aprendizagem como a inteligência. Como ajudar então a criança a gerir a impulsividade? Existem três fatores que desempenham um papel fundamental na impulsividade: temperamento, funções executivas e desenvolvimento.

Temperamento: certas características, como o nível de atividade, a capacidade de adaptação, a intensidade do humor e os períodos de atenção são próprias da criança e não apenas o resultado das práticas parentais. É importante observar o temperamento da criança e identificar as suas reações a situações ou estímulos, bem como refletir sobre a forma como o temperamento dos pais se assemelha ou não ao da criança, e reconhecer os sentimentos de ambos como independentes. Esta reflexão pode influenciar a resposta do adulto à impulsividade da criança. A hesitação de uma criança inibida pode ser mais frustrante para uns pais extrovertidos, do que seria para uns pais mais introvertidos. Pais com uma personalidade mais controlada podem interpretar a impulsividade da criança como atitudes desafiantes, sem que o sejam.

Funções Executivas: alguns processos do funcionamento executivo, incluindo a capacidade de planear, resolver problemas e executar tarefas são até certo ponto inatas. Por exemplo, algumas crianças debatem-se com a Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA), enquanto outras sofrem de “hiposensibilidade”. Uma das formas de se ajudar a criança a desenvolver o controlo dos impulsos, e assim libertar energia mental para a aprendizagem, é promover um pensamento baseado no planeamento (porque é que vou fazer isto, como vou fazer, para quê), em oposição à ação-reação.

Desenvolvimento: assim que nasce, a criança manifesta estratégias de auto-regulação para se defender sobre-estimulação (ex.: vira-se quando há muita luz, leva a mão à boca para se tentar consolar). É importante observar estas capacidades e fortalecê-las, ajudando-a construir o momento entre o impulso e a ação. Crianças pequenas debatem-se com a intensa motivação para a independência perante o reconhecimento da sua (ainda) incompetência. Quando a criança bate ou morde, será importante parar o comportamento com ordens simples e firmes: “Não se bate, bater magoa”, e validar a sua frustração ou zanga, modelando formas apropriadas de as expressar, e promovendo assim o reconhecimento dos limites. A partir dos 3 anos, descobre o poder da linguagem na afirmação dos seus desejos e das suas necessidades, apesar das suas emoções por vezes explosivas. Adiar a gratificação (resistir à tentação) ajuda a criança a aprender a experimentar emoções, e não a ser conduzida pelas mesmas. Até aos 5/ 6 anos o auto-controlo pode ser promovido através de jogos/atividades físicas, e não pela expetativa de que a criança fique sentada e atenta por grandes períodos. A partir dos 7 anos, a criança possui uma grande capacidade de imaginação, que é aliada da construção da concentração e da auto-regulação. Quando a criança ultrapassa os limites, é importante ajudá-la a aprender formas de se acalmar a si própria.

Estratégias para encorajar o auto-controlo:

1.Ensine a criança a falar consigo própria. O discurso interno desempenha um papel fundamental no controlo do comportamento impulsivo. As crianças com Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção parecem adquirir esta capacidade mais tarde do que a maior parte das crianças, o que contribui para uma menor capacidade de controlo dos impulsos.
  
2. Jogos de Memória. Muitos estudos apontam para a ligação entre a memória a curto-prazo e o controlo dos impulsos. Desenvolvendo a suas capacidades mnésicas, a criança compreende, interioriza e antecipa melhor as consequências dos seus atos.

3. Seja um modelo. Quando algo não corre bem, verbalize o que está a sentir e o que precisa de fazer para se acalmar.

4. Seja positivo: o criticismo e os julgamentos aumentam as reações emocionais (de sobrevivência) da criança. É importante recompensar o que merece ser recompensado, e guiar e apoiar o que não corre bem.

5. Mexam-se! O exercício e o movimento influenciam o foco e a atenção, melhoram a concentração e a motivação e tendem a diminuir a agitação e a impulsividade.

Publicado originalmente no Psisalpicos


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