A psicoterapia de apoio, vulgarmente chamada de apoio/acompanhamento psicológico, é uma modalidade de intervenção mais superficial e centrada no momento. Esta superficialidade não lhe reduz a importância e significa que não há um trabalho de aprofundamento nem se ambicionam transformações profundas ao nível da personalidade, sendo este objetivo remetido para um processo psicoterapêutico mais específico, como veremos mais à frente. Por muito saudáveis e resilientes que sejam, todas as pessoas se deparam, em alguma fase da sua vida, com momentos de crise ou de desgaste psicológico, ou desafios que geram instabilidade e requerem a intervenção no âmbito da psicologia. Esta modalidade exige apenas formação académica em Psicologia Clínica (Licenciatura Pré-Bolonha ou Mestrado Pós-Bolonha), não requerendo uma especialização. Este acompanhamento é, habitualmente, de menor duração e centra-se na queixa ou no sintoma atual, com vista à reorganização dos recursos e mecanismos de adaptação da pessoa. Um conflito ou impasse profissional, desemprego, separação/divórcio/rotura amorosa, morte de um ente querido, diagnóstico de doença, alterações súbitas em alguma área da vida, desmotivação são alguns exemplos de situações de crise que podem fazer com que as pessoas procurem ajuda para se adaptarem à situação e restabelecerem o equilíbrio psicológico. A frequência das sessões é semanal ou quinzenal, sendo estas de 50 a 60 minutos, e a duração também é variável, habitualmente de alguns meses a um ano, mas depende da situação.
Quando se pretende um conhecimento mais abrangente e profundo de si próprio, a transformação de características e padrões de personalidade e/ou atuar ao nível de situações de vida mais complexas ou de quadros psicopatológicos específicos, já se exige um grau de formação e especialização diferente por parte do terapeuta, com reconhecimento por determinada sociedade/associação (psicanálise, psicodrama, EMDR, cognitiva, familiar, casal, bioenergética…). Também se exige maior compromisso e motivação da pessoa para um trabalho psicoterapêutico que poderá durar alguns anos, com sessões semanais no mínimo. Na psicoterapia psicanalítica, minha área de especialização, o trabalho vai além do alívio sintomático, pretendendo-se ir à raiz através de uma abordagem e compreensão globais da pessoa, nomeadamente da sua história pessoal, familiar e social, e de padrões que possam estar a bloquear o crescimento pessoal.
Muitas vezes, as pessoas trazem uma situação muito específica e iniciam uma psicoterapia de apoio (aconselhamento psicológico), mas acabam por pretender aprofundar o processo terapêutico, possível quando o terapeuta tem formação específica. Tanto numa como noutra modalidade, a palavra e a relação são os principais instrumentos de mudança, variando a diretividade (maior na psicoterapia de apoio) do terapeuta e a profundidade da relação terapêutica (maior na psicoterapia psicanalítica). Em abordagens mais integrativas, a psicoterapia pode fazer uso de algumas técnicas de outras modalidades psicoterapêuticas sem, no entanto, perder o seu enquadramento principal.
Vale ainda a pena fazer referência ao aconselhamento. Muitas vezes as pessoas precisam apenas de esclarecer algumas dúvidas, arrumar ideias, colocar questões muito específicas, sem intenção ou necessidade de grande continuidade. Nestas situações podem ser necessárias apenas algumas sessões pontuais. Neste caso, a questão mais frequente que nos colocam é se determinada situação “é normal” e é também neste âmbito que algumas pessoas decidem se pretendem ou não iniciar um processo terapêutico.
Espero ter conseguido simplificar estas especificidades da intervenção psicoterapêutica e que a informação possa ser útil para uma primeira reflexão sobre o que procura. Em todo o caso, nas primeiras sessões terá sempre espaço para, em conjunto com o psicólogo/psicoterapeuta, avaliar os objetivos e ir traçando o plano terapêutico que melhor se adequa às suas necessidades.